- Jesus Jara
Somos crianças presas em nossas histórias!

Todos os dias presencio em redes sociais verdadeiras batalhas. Amigos se digladiando com amigos e por muitas vezes declarando-se inimigos mortais. Só por se contradizerem em conflitos de ideias.
No último cenário de guerra, uma frase saltou ao ar: "Bandido bom é bandido morto!". Falado assim, em tom forte, em palavras de ordem.
Convivo com crianças diariamente.
Por muitas vezes me deparei olhando nos olhos delas só para tentar entender o que faz uma pessoa mudar tanto. Sim, porque se não nos demos conta, crianças são pessoas!
As pessoas, quando crianças, todas elas, sem exceção, são compreensivas; tolerantes; não distinguem raça, cor, gênero; são amorosas; sinceras; transparentes, enfim. Não encontro nelas os traços de um assassino, um radicalista, um ativista, um pacifista.
Então pensei, pensei, pensei... E a única resposta que eu encontrei, dita plausível, foi que as histórias mudam as pessoas.
Cada criança passa por uma história e esta história forja, como fogo forja o ferro, a personalidade assassina, pacifista, ativista, politica, corrupta, seja ela o que for!
Então pensei mais um pouco...
A conclusão que cheguei, foi que não temos de culpar as crianças. Mas, culpar as histórias que estas crianças ouviram e a tornaram o que são.
E se as histórias são as culpadas, temos de entender como mudá-las. Existem crianças que fazem histórias para fazer outras crianças serem presas por seus monstros. Políticos, por exemplo! Eles contam as histórias erradas à milhares de crianças dia após dia. Porque as histórias que sempre ouviram, foi que nesta vida, só se vale o poder. Pobre são estas crianças!
E qual a solução?
Só vejo uma... Contar novas histórias! Dar exemplos e tentar acrescentar capítulos as histórias das crianças, para que elas entendam que lobos maus existem e que elas devem lutar contra isto de qualquer forma. Lutar para não deixar, principalmente, que estes lobos entrem em seus pensamentos e sobretudo em seus corações.
Somos as histórias que contamos. E contando histórias boas, podemos inspirar o bem.
Rogo que as criança que ainda vive em cada um de nós nunca perca o sonho e a fé. Que ela entenda que nossos livros são escritos a lápis e podemos sim, apagá-los e reescrevê-los. Portanto, não deixe de contar boas histórias a todas as crianças que passar por seu caminho. Não deixe de contar boas histórias a sua criança adormecida dentro de si.
Nunca deixe de contar histórias!
E pra cada uma delas, um final único. Um final feliz!
E quanto a frase proferida ao calor da discussão? Não haveria necessidade se o bandido tivesse ouvido mais histórias de mocinhos.
(*) Foto por Sarawut Intarob
(*) Uma reflexão: Lições de prisioneiros no corredor da morte (David R. Dow | TEDxAustin)